Vista áerea de Penápolis/SP (out.2015)
PENÁPOLIS é um município brasileiro do estado de São Paulo. Pertence à mesorregião de Araçatuba e microrregião de Birigui, e sua população estimada em 2015 é de 62 071
habitantes.
Origem e povoamento:
A Região dos "Campos
do Avanhandava" e do "Salto do Avanhandava", no baixo
Rio
Tietê, quando da chegada dos primeiros pioneiros (brancos colonizadores), era habitada pelos índios Coroados
(ou Kaingang ou ainda Caingangue) vindos do sul do
Brasil.
O topônimo Ava - Nhandava significa: "O índio que
fala o dialeto Nhandeva", por isso não se diz: "salto de", e, sim, se diz: "Salto do Avanhandava" ou "Cachoeira
do Avanhandava", e, por
isso, se acredita que os nhandevas predominavam na região quando da chegada dos índios Coroados.
A primeira presença do Estado
brasileiro na região foi, na década de 1860, pouco
antes da Guerra do Paraguai, uma Colônia
Militar (quartel, fortaleza), próxima ao Salto do Avanhandava, que recebeu o nome de Colônia
do Avanhandava e o apelido de Degredo.
Naquela época se criaram
várias colônias militares, em todo o Brasil, para proteção das fronteiras, e para "proteger a população do interior contra índios
selvagens, para facilitar as comunicações e o comércio e para ajudar os núcleos
civis que se fundarem nas suas vizinhanças".
A Colônia do Avanhandava,
localizada próximo ao porto de desembarque, o Porto do Cruz, no rio Tietê, pouco antes da
"Cachoeira do Avanhandava", junto à estrada que ligava Piracicaba a Paranaíba, foi criada pelo decreto imperial de 18 de
março de 1858, e tinha como objetivo, proteger o povoamento da região, onde cinco fazendeiros compraram terras devolutas do governo, e pretendiam formar um "patrimônio", como se chamava, na
época, as pequenas povoações, recém criadas, construídas ao redor de uma capela, à qual se
doa um "patrimônio": uma área para praça, capela e
abertura de ruas ao seu redor.
A Colônia do Avanhandava
deveria servir também de retaguarda à Colônia de Itapura, na foz do rio Tietê, junto ao Rio
Paraná. A Colônia do Avanhandava, porém, não prosperou.
Hoje, o "Salto do
Avanhandava", a colônia militar e a velha Usina Hidrelétrica do
Avanhandava, jazem no fundo da represa da Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava.
Posteriormente, próximo ao
velho quartel já abandonado e ao Ribeirão do Lageado, se tentou formar, em 1883, pelos
primeiros pioneiros, um Patrimônio, tendo como orago, o "Nosso Senhor dos Passos". Este primeiro patrimônio não
prosperou porque uma das famílias pioneiras, a família Pinto Caldeira, foi massacrada pelos índios
em 1886.
Esta família, "Pinto
Caldeira", é atualmente homenageada, dando seu nome ao Córrego dos Pintos, na região do Ribeirão do Lageado, a qual ainda
pertence ao município de Penápolis, e foram enterrados no cemitério do Lageado, o qual é o monumento histórico mais antigo de
Penápolis e única construção que restou do antigo "Patrimônio de Nosso
Senhor dos Passos".
Em 1895, o
presidente do estado de São Paulo, Bernardino de Campos, autoriza,
em lei, a
construção de uma estrada de Bauru ao Salto do
Avanhandava, estrada esta que facilitaria o acesso à região dos Campos do
Avanhandava.
O Patrimônio de Santa Cruz
do Avanhandava surgiu, tempos depois, em 1908, em terras
compradas dos herdeiros da pioneira Maria Chica pelo empreendedor Coronel Manuel Bento da Cruz, e, em
terras doadas em 1906, pelo fazendeiro Eduardo José de Castilho.
Eduardo Castilho doou, em
1906, para a formação do novo patrimônio, um lote de terras aos frades capuchinhos, e, ele e Manuel Bento da Cruz venderam as terras vizinhas ao novo
patrimônio, para os pioneiros, fracionando-as em pequenos lotes de terras, os sítios.
Manuel Bento da Cruz adquiriu
terras públicas, em leilão, e as registrou, em 1907, no
cartório de notas de São José do Rio Preto, e
rapidamente, as vendeu, em pequenos lotes aos pioneiros.
A colonização de Penápolis, portanto, foi feita, como em todo o oeste paulista, de acordo com a Lei de Terras estadual nº 323, de 1895, que só permitia a aquisição de terras devolutas, pertencentes ao
governo do estado, em leilão (haste) público.
A Lei de
Terras paulista, inspirada na lei de terras do Império do Brasil nº 601 de 1850, exigia
também que, em breve, o seu comprador as revendesse em lotes que não podiam
passar de 500 hectares em terras de cultura, 4.000 hectares em "campos de criar", e 40 hectares nos lotes
suburbanos. Eram considerados suburbanos os lotes a menos de 12 quilômetros do
centro da povoação, garantindo, assim, o acesso à terra aos pequenos
proprietários.
Assim, para estimular a
colonização da região, Manuel Bento da Cruz, Eduardo de Castilho e os
capuchinhos fundaram o Patrimônio de Santa Cruz do Avanhandava, em 25 de
outubro de 1908, esperando a próxima chegada dos trilhos da ferrovia da NOB. Esta data
é oficialmente a data de fundação de Penápolis.
Como marco deste
acontecimento, os frades capuchinhos realizaram um primeira missa naquele dia
e ergueram eles um cruzeiro em frente ao local onde,
depois, se instalou, em 1923, o 1º Grupo Escolar de Penápolis. No lugar onde ficava o
cruzeiro, há atualmente uma estátua de São Francisco. Nos patrimônios e cidades
daquela época se concentravam os estabelecimentos comerciais, porém a grande maioria
da população vivia na zona
rural.
Logo em seguida, em 2 de
dezembro de 1908, chegou ao novo povoado, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, na época
chamada "Estrada de Ferro Bauru -
Itapura", que impulsionou o povoamento da região. As estradas de ferro,
naquela época, eram fundamentais para o transporte de grãos de café, a maior
produção agrícola da época, para o porto de Santos.
A construção dos trilhos da Noroeste do Brasil prosseguiu,
em terras pertencentes, na época, à Penápolis, rumo ao rio Paraná, onde os
trilhos chegaram em 1910, com um número de mortos, por malária e por índios, de 10.000 pessoas. O primitivo traçado da NOB era o ramal
Araçatuba- Lussanvira, a atual Pereira
Barreto), ramal este que margeava o Rio Tietê, sujeitando os trabalhadores da
linha à malária.
Em 17 de
novembro de 1909, o patrimônio se torna um distrito
de paz de São José do Rio Preto, com seu
território se estendendo até próximo da foz do Rio
Tietê, no Rio
Paraná, divisando ali com o distrito de paz de Itapura. Em 22 de
dezembro de 1913, Penápolis torna-se um município.
Os pioneiros
encontraram seus maiores obstáculos nos ataques dos índios e na malária, na época chamada de maleita e impaludismo. Os índios só foram finalmente pacificados, em 1912, com a ação
do Coronel Cândido
Rondon, que, por isto, é homenageado dando seu nome à SP-300 que é a
principal rodovia que corta a região da Estrada de Ferro NOB (Bauru até
a divisa com o Mato Grosso do Sul), atual Novoeste.
Um dos últimos grandes ataques
de índios, se deu em julho de 1910, quando o agrimensor Christiano Olsen e sua equipe foram mortos e queimados, pelos índios
caingangue, na fazenda Baguassu, próxima a atual, Araçatuba, região que, na época, pertencia a Penápolis.
A pacificação dos índios
realizada pelo Coronel Rondon foi decisiva para o povoamento da região, tanto
que o preço do alqueire de terra subiu 1.000% de 1910 a 1914, passando
de 13$000 réis a 100$000 réis, indicando um grande aumento da procura por
terras após a pacificação. Em 1925, o alqueire de terra, próximo à área urbana de Penápolis, já estava cotado a
1:000$000, ou seja, uma nova valorização de 1.000% em relação a 1914.
Em abril de 1929, a região
da NOB, recebeu a
visita do presidente de São Paulo, o Dr. Júlio
Prestes, o Seu Julinho, que comparou os pioneiros desbravadores da
Noroeste do Brasil aos bandeirantes, desbravando terras e enfrentando perigos de todo tipo.
A situação da velha Noroeste
do Brasil, que pertencia ao governo federal, melhorou muito, quando, em 1935, o Dr. Getúlio
Vargas, iniciou o empedramento da linha férrea, eliminando-se as nuvens de
poeira que penetrava nos vagões, e, concluiu, em 1940, a
construção de uma "variante", entre Araçatuba e Jupiá, afastando a estrada
de ferro das margens do rio Tietê, e, portanto da malária, também conhecido como
(impaludismo).
Em 21 de
janeiro de 1920 é criado, por decreto estadual, uma Caixa Econômica em Penápolis, (o
atual Banco Nossa Caixa).
O primeiro Grupo Escolar foi
instalado em 1919 e o primeiro Ginásio Estadual instalado em 1935.
Pouco restou da cultura dos índios Coroados: peças de museu e uma a aldeia Icatu a 35
quilômetros de Penápolis. A cidade foi, porém, enriquecida por várias tradições
europeias e asiáticas, pois se estabeleceram em Penápolis imigrantes de vários países para trabalharem nas lavouras de café. Vieram,
também, para Penápolis, muitos migrantes de Minas
Gerais, com tradição em engenhos de cana-de-açúcar, doces, queijos e o carro
de boi.
História administrativa:
Em 23 de
março de 1858, o decreto federal nº 2.126, assinado pelo Marquês de Olinda cria a
Colônia Militar do Avanhadava, na estrada entre Piracicaba e Paranaíba:
"Art. 1º A Colonia
militar estabelecida por Decreto desta data, na estrada que vai da Villa da
Constituição em S. Paulo á de Sant'Anna da Parnahyba em Matto Grosso, terá por
districto não só huma legua quadrada, que será medida e demarcada, como todo o
mais territorio, que for designado pelo Presidente da Província com approvação
do Governo Imperial".
Em 17 de
novembro de 1909, pela lei estadual nº 1.177, o Patrimônio do Santa Cruz do Avanhandava é elevado
à condição de distrito de paz de São José do Rio Preto e passa a
se chamar "Villa de Pennapolis", em homenagem ao
recém-falecido presidente da República Afonso
Pena, grande incentivador das ferrovias, e, cujo teor, é o seguinte:
"O Dr. Manoel Joaquim de Albuquerque Lins, Presidente do Estado de São
Paulo, faz saber que o Congresso Legislativo do Estado decretou e eu promulgo
a lei seguinte:
Artigo I: Fica creado, no
município e comarca de São José do Rio Preto, o
districto de paz de Pennapolis, no povoado e estação de Santa
Cruz do Avanhandava, da Estrada de Ferro Noroeste do Brazil".
Outra povoação recebeu também,
naquela época, o nome de Penápolis: a atual cidade de Rio
Branco, no Acre.
Em 16 de
dezembro de 1910, pela lei estadual 1.225, o Distrito de Paz de Penápolis é transferido
para o município e comarca de Bauru. Pela mesma
lei, é incorporado à Penápolis todo o território pertencente ao, então, extinto
distrito de Itapura.
A "Villa de Pennapolis"
foi desmembrada do município de Bauru e elevada à condição de município, em 22 de
dezembro de 1913, pela Lei estadual nº 1.397, passando a se chamar Município de
Pennapolis. O novo município possuía dois distritos: Penápolis e Miguel
Calmon, hoje chamado Avanhandava.
Dentro do município de
Penápolis, em 1914 é criado o distrito de paz de Birigui, em 1917 o de Araçatuba, em 1919, o de Promissão, em 1920, o de Glicério e em 1934, o de Alto Alegre.
O município foi elevado à
condição de comarca, em 10 de
outubro de 1917, pela lei nº 1.557. A instalação da Comarca de Penápolis ocorreu a 27 de
julho de 1918. Nos documentos anexados ao projeto de lei nº 3 que deu origem à lei
que criou a comarca, há uma estatística que informa que em agosto de 1915, Penápolis
contava com 2.549.826 pés de café produzindo, plantados por 287 proprietários.
Hoje, a Comarca de Penápolis
abrange 7 municípios: Penápolis, Glicério, Braúna, Alto Alegre, Avanhandava, Luiziânia e Barbosa.
O território original do distrito
de paz de Penápolis, estabelecido em 1909, era muito grande, partindo da atual
Promissão e compreendendo grande parte das terras da Alta
Paulista e indo até à barra do Córrego Três Irmãos, próximo à Barragem Três Irmãos, perto da foz do Rio
Tietê no Rio
Paraná. O Córrego Três irmãos era a divisa de Penápolis com o distrito de paz
de Itapura.
As divisas de Penápolis
estabelecidos na lei que criou o município, em 1913, compreendiam todas as
terras que ficavam à margem esquerda do Rio Tietê, até sua foz no Rio
Paraná assim determinados: A linha de divisa desce do Rio Tietê, próximo a
atual cidade de Promissão, até o espigão entre o Rio do Peixe e o Rio
Aguapeí (ou Feio), seguindo deste espigão até o Rio Paraná; do Rio Paraná, sobe
até a foz do Rio Tietê, e deste ponto sobe o Rio Tietê até o ponto que iniciou
a divisa.
Este território compreendia
portanto a Alta Paulista e a região da Noroeste do Brasil. Este território,
porém, foi muito reduzido com os seus sucessivos desmembramentos, a partir de
1921, em novos municípios. Foram desmembrados de Penápolis, os seguintes
municípios: Araçatuba e Birigui em 1921, Promissão em 1923, Avanhandava e Glicério em 1925 e Alto
Alegre em 1953.
Em 3 de
agosto de 1926, data da Lei estadual 2.129 que fixou as divisas de Penápolis, o seu
território já estava bastante reduzido, mas ainda se estendia até perto da
atual Marília.
Até 1937, a comarca
de Penápolis se estendia até Quintana e Tupã (que pertenceram a Glicério),
na região da Alta
Paulista.
Igreja Católica e os Capuchinhos:
O município pertence à Diocese de Lins e seu padroeiro é São Francisco de Assis, sendo a
Igreja Matriz de Penápolis servida, desde sua criação, pelos frades
capuchinhos, os primeiros vindos da região de Trento na Itália.
Criada a paróquia em 1909 com o nome de "Curato do Santa Cruz do Avanhandava",
na época pertencente à Arquidiocese de Botucatu. Paróquia
grande que foi desmembrada inúmeras vezes. O primeiro vigário da paróquia foi Frei Boaventura de Aldeno. Atualmente
se denomina Paróquia de São Francisco de Assis pertencente à Diocese
de Lins.
É considerada a fundação de
Penápolis, a realização de uma primeira missa, em 25 de
outubro de 1908, pelos frades capuchinhos da Igreja
Católica, os quais, assim que chegaram a Penápolis fundaram uma Escola, a Escolinha
de São Francisco, que foi a única da cidade até 1912, quando se
instalou a primeira escola feminina e a primeira masculina, e em seguida em 1913, quando se
inaugurou a Escola Mista Municipal do Lageado. Pouco depois, a Escolinha
se transformou em Colégio São Francisco.
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